Pesquisa da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo (USP) analisou como a internet pode ser usada para melhorar a relação entre professor e aluno no ensino individualizado a distância, com o professor adequando o curso ao contexto de vida de cada estudante. Wladimir Pena Camargo, o autor do estudo, concluiu que o docente deve se apropriar das ferramentas tecnológicas disponíveis, pois estas podem possibilitar o diálogo e a troca de conhecimento. Com o método proposto na pesquisa, os alunos recebem um conteúdo adequado ao seu contexto e assim demonstram mais interesse em continuar seus estudos.
Para sua pesquisa, intitulada “Desenvolvimento de um gerenciador de diálogos e conteúdos para aprendizagem individualizada a distância”, Camargo desenvolveu um software chamado Hal300 – CLIQUE AQUI para mais informações -, que está disponível a todos os interessados.
Para sua pesquisa, intitulada “Desenvolvimento de um gerenciador de diálogos e conteúdos para aprendizagem individualizada a distância”, Camargo desenvolveu um software chamado Hal300 – CLIQUE AQUI para mais informações -, que está disponível a todos os interessados.
Ele testou as aplicações em dois cursos a distância e observou que o professor consegue gerenciar seu relacionamento individualmente com cada aluno no decorrer do curso. O pesquisador conta que pretendia criar uma uma metodologia de trabalho para operacionalizar o ensino individualizado a distância, especialmente no ensino continuado, isto é, todo o ensino buscado pelo aluno após a conclusão das etapas formais do ensino.
Camargo considera fundamental que se crie um novo papel para o professor tradicional no ensino a distância (EaD), que se traga uma nova ideia de educação onde ele não perca seu papel. Para ele, no EaD é comum que o professor não seja o responsável por elaborar o conteúdo e dialogar diretamente com o aluno. E essa é a ideia que seu projeto tenta combater. “Há um impacto no aprendizado do aluno ao se relacionar diretamente com o professor, em interagir com conteúdos e diálogos providos por uma pessoa e não por algo pré-estabelecido”, diz ele.
O Hal300 foi testado experimentalmente em duas turmas. A primeira foi em um curso de graduação ministrado pelo orientador da pesquisa, Jorge Gustavo da Graça Raffo, cujo tempo de análise foi de cinco meses. Camargo criou ainda um curso de programação PHP para testar seu software, tendo esta sido analisada por cerca de dois meses e meio. O pesquisador diz que o software ainda é experimental e que é necessário algum tipo de apoio para que ele seja hospedado em um servidor de modo a ficar mais acessível como um serviço para o professor.
O Hal300, segundo ele, se encarrega da parte tecnológica para que o professor tenha que se preocupar somente com aquilo que é sua aptidão, que é cuidar do aluno. Em suas palavras, é difícil para um professor olhar individualmente para as necessidades de cada aluno, então o software pretende organizar as atividades que são necessárias para esta individualização”.
AS FERRAMENTAS
Wladimir Camargo destaca o papel dos emails e dos fóruns nesse novo conceito de EaD proposto por ele. Essas tecnologias, que podem ser consideradas antiquadas em tempo de redes sociais, ainda podem ser exploradas. Para ele, o email dá um ar de pessoalidade entre o aluno e o professor, e os fóruns permitem conversas não sincronizadas entre eles. Tendo como alicerce o estímulo do diálogo, essas ferramentas são eficientes, “e quando os alunos se agrupam o professor tem uma visão mais organizada da evolução de cada um”.
O diálogo não-sincronizado (ou assíncrono) não força ninguém a estar presente virtualmente em um determinado tempo, o que permite que o estudante tenha um tempo para reflexão dos conteúdos. “Para poder individualizar o atendimento, é essencial que a comunicação seja assíncrona, até porque a conversa é só uma das etapas do aprendizado”, pensa ele.
O estudo desenvolvido propõe, em suma, uma prática de ensino a distância que não signifique uma ruptura com o ensino tradicional, mas que seja uma ponte entre eles. Nessa proposta, o professor continua com seu papel de mentor intelectual do aluno. “Mas para isso ele precisa receber preparação, é necessário que se pense como operacionalizar isso, para que essa educação não seja massificada e mantenha a percepção do docente, que é sua característica humana”. E já há tecnologias para que isso aconteça no ensino virtual, elas só precisam ser aplicadas.
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