É cada vez maior a opção por licenciaturas a distância pelos universitários que serão os futuros professores da educação básica brasileira. Enquanto a taxa média de variação do número de concluintes na modalidade presencial foi negativa em 3,6% nos últimos cinco anos, com 161,3 mil titulados em 2010, o ritmo de crescimento da formação nos cursos online supera média anual de 60% no período. Em 2005, apenas 11 mil pessoas concluíram licenciaturas a distância. Em 2010, foram quase 72 mil.
Atualmente, os alunos e concluintes das licenciaturas a distância representam 30% do total das graduações de formação docente. Há cinco anos, esse quadro variava entre 5% e 8%. Considerando as mais de 6 milhões de matrículas de todo o ensino superior brasileiro, a fatia da modalidade de educação não presencial é de 15%. Se o comportamento das matrículas e conclusões do ensino superior a distância mantiver esse avanço nos próximos anos, em 2015 o Brasil terá mais professores diplomados em licenciaturas online do que nos tradicionais cursos presenciais.
Ou seja, a maior parte das futuras safras de professores responsáveis pelo ensino das crianças e jovens carregará uma formação completamente nova e, ao mesmo tempo, controversa. Está em curso intenso debate sobre a acelerada expansão da formação a distância. Para críticos, na comparação com a graduação tradicional, o modo distância é menos eficaz em termos pedagógicos, ainda tem frágeis mecanismos de avaliação e regulação por parte do Ministério da Educação (MEC), e os acadêmicos envolvidos na preparação dos programas carecem de qualificação.
“Quem trabalha com formação está muito preocupado com esse boom, porque não temos dados claros sobre qualidade. Há um debate muito forte na área exigindo compromisso do MEC para que seja repensada a política de expansão desenfreada. Detectamos problemas nos estágios, de adequação curricular e de avaliação”, comenta a professora Bernardete Gatti, da Fundação Carlos Chagas (FCC).
Para a pesquisadora, especializada em formação docente, maior acesso a livros e outros materiais didáticos e maior interação entre estudantes e professores são vantagens do ensino presencial. “Ninguém é contra o ensino a distância. Acontece que há um grande arsenal de conteúdo e tecnologia, mas que não é usado. Por exemplo: as instituições não dispõem de equipes suficientemente adequadas para o desenvolvimento dos cursos.”
Por se tratar de programas essencialmente teóricos, Fredric Michael Litto, presidente da Associação de Educação a Distância (Abed), explica que as licenciaturas se adaptam muito bem à modalidade não presencial. “Também há recursos semi-presenciais e as tutorias para a parte prática. Um curso remoto atrai o aluno, pois é conveniente. Na internet o aluno é exigido a estudar sempre, no fim de semana, no feriado”, diz Litto. Ele argumenta que as críticas sobre a qualidade são “generalizações sem evidência”. “Inverto a pergunta: “Como está a qualidade no presencial?” A grande demanda da educação a distância veio tapar o buraco dos cursos tradicionais.”
Para João Valdir Alves de Souza, professor de sociologia da educação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a explosão das licenciaturas a distância também está ligada a fatores socioeconômicos. “Atendem a um público que não é atendido por cursos presenciais em suas cidades. Ao mesmo tempo, as licenciaturas são os cursos mais baratos, portanto, os mais acessíveis para uma grande parcela da população. Avança no sentido de suprir quantitativamente a demanda por formação de professores, mas ainda está longe de supri-la do ponto de vista de qualidade”, argumenta Alves de Souza, reiterando que problemas de qualidade não são exclusivos do ensino a distância. “Escolas que se consolidaram bem na oferta presencial tendem a oferecer ensino a distância de boa qualidade e vice-versa.”
Formada em artes, a designer de joias Fernanda Cerqueira Leite trabalhou por 18 anos como professora de educação infantil e auxiliar pedagógica. Em 2006, decidiu se matricular num curso de pedagogia a distância para complementar sua formação. “Não tinha outra opção. Com filho pequeno e morando longe do trabalho era inviável ir para a faculdade todo dia.”
Ela conta que o programa é puxado e exige muita disciplina. “Se perder o prazo das atividades e não entregar os trabalhos não dá para tirar nota. É tudo muito rápido e isso é um ponto negativo, porque falta interação, tempo para se aprofundar em determinados temas. Na faculdade comum a turma de pedagogia fica um ou dois bimestres estudando didática. Nesse caso, o currículo do curso a distância deixou a desejar”, reclama Fernanda, que também cita o preconceito do mercado em relação a um profissional diplomado a distância. “Dão a vaga para o professor que estudou na USP, no presencial.”
O secretário de Ensino Superior do MEC, Luiz Cláudio Costa, diz que a forte procura pelas licenciaturas a distância, principalmente a partir de 2005, é explicada pelo esforço feito para formar professores que atuavam na educação básica sem diploma. “Portanto, estamos falando de um crescimento natural. Mas trabalhamos com a meta de que o profissional formado a distância ou presencialmente tenham as mesmas habilidades. O mesmo vale para a avaliação dos alunos e a nossa supervisão.”
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Atualmente, os alunos e concluintes das licenciaturas a distância representam 30% do total das graduações de formação docente. Há cinco anos, esse quadro variava entre 5% e 8%. Considerando as mais de 6 milhões de matrículas de todo o ensino superior brasileiro, a fatia da modalidade de educação não presencial é de 15%. Se o comportamento das matrículas e conclusões do ensino superior a distância mantiver esse avanço nos próximos anos, em 2015 o Brasil terá mais professores diplomados em licenciaturas online do que nos tradicionais cursos presenciais.
Ou seja, a maior parte das futuras safras de professores responsáveis pelo ensino das crianças e jovens carregará uma formação completamente nova e, ao mesmo tempo, controversa. Está em curso intenso debate sobre a acelerada expansão da formação a distância. Para críticos, na comparação com a graduação tradicional, o modo distância é menos eficaz em termos pedagógicos, ainda tem frágeis mecanismos de avaliação e regulação por parte do Ministério da Educação (MEC), e os acadêmicos envolvidos na preparação dos programas carecem de qualificação.
“Quem trabalha com formação está muito preocupado com esse boom, porque não temos dados claros sobre qualidade. Há um debate muito forte na área exigindo compromisso do MEC para que seja repensada a política de expansão desenfreada. Detectamos problemas nos estágios, de adequação curricular e de avaliação”, comenta a professora Bernardete Gatti, da Fundação Carlos Chagas (FCC).
Para a pesquisadora, especializada em formação docente, maior acesso a livros e outros materiais didáticos e maior interação entre estudantes e professores são vantagens do ensino presencial. “Ninguém é contra o ensino a distância. Acontece que há um grande arsenal de conteúdo e tecnologia, mas que não é usado. Por exemplo: as instituições não dispõem de equipes suficientemente adequadas para o desenvolvimento dos cursos.”
Por se tratar de programas essencialmente teóricos, Fredric Michael Litto, presidente da Associação de Educação a Distância (Abed), explica que as licenciaturas se adaptam muito bem à modalidade não presencial. “Também há recursos semi-presenciais e as tutorias para a parte prática. Um curso remoto atrai o aluno, pois é conveniente. Na internet o aluno é exigido a estudar sempre, no fim de semana, no feriado”, diz Litto. Ele argumenta que as críticas sobre a qualidade são “generalizações sem evidência”. “Inverto a pergunta: “Como está a qualidade no presencial?” A grande demanda da educação a distância veio tapar o buraco dos cursos tradicionais.”
Para João Valdir Alves de Souza, professor de sociologia da educação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a explosão das licenciaturas a distância também está ligada a fatores socioeconômicos. “Atendem a um público que não é atendido por cursos presenciais em suas cidades. Ao mesmo tempo, as licenciaturas são os cursos mais baratos, portanto, os mais acessíveis para uma grande parcela da população. Avança no sentido de suprir quantitativamente a demanda por formação de professores, mas ainda está longe de supri-la do ponto de vista de qualidade”, argumenta Alves de Souza, reiterando que problemas de qualidade não são exclusivos do ensino a distância. “Escolas que se consolidaram bem na oferta presencial tendem a oferecer ensino a distância de boa qualidade e vice-versa.”
Formada em artes, a designer de joias Fernanda Cerqueira Leite trabalhou por 18 anos como professora de educação infantil e auxiliar pedagógica. Em 2006, decidiu se matricular num curso de pedagogia a distância para complementar sua formação. “Não tinha outra opção. Com filho pequeno e morando longe do trabalho era inviável ir para a faculdade todo dia.”
Ela conta que o programa é puxado e exige muita disciplina. “Se perder o prazo das atividades e não entregar os trabalhos não dá para tirar nota. É tudo muito rápido e isso é um ponto negativo, porque falta interação, tempo para se aprofundar em determinados temas. Na faculdade comum a turma de pedagogia fica um ou dois bimestres estudando didática. Nesse caso, o currículo do curso a distância deixou a desejar”, reclama Fernanda, que também cita o preconceito do mercado em relação a um profissional diplomado a distância. “Dão a vaga para o professor que estudou na USP, no presencial.”
O secretário de Ensino Superior do MEC, Luiz Cláudio Costa, diz que a forte procura pelas licenciaturas a distância, principalmente a partir de 2005, é explicada pelo esforço feito para formar professores que atuavam na educação básica sem diploma. “Portanto, estamos falando de um crescimento natural. Mas trabalhamos com a meta de que o profissional formado a distância ou presencialmente tenham as mesmas habilidades. O mesmo vale para a avaliação dos alunos e a nossa supervisão.”
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